domingo, 29 de novembro de 2009

Costeletas de porco no tacho


Para minimizar o pecado da carne de porco, usei beringela no molho, que dizem faz bem ao colesterol. Não sei se é verdade, mas quero acreditar que sim, pelo menos assim não me dói tanto a consciência.
Num tacho pus 3 colheres de sopa de margarina, 2 cebolas generosas, 1 beringela sem pele cortada aos quadrados, 5 alhos, 2 cenouras grandes cortadas às rodelas, 2 colheres de sopa de polpa de tomate ( se tiver um tomate maduro melhor ainda) e 2 copos de vinho branco. Deixei ferver e acrescentei as costeletas, 2 cabeças de cravinho e 1 colher de chá de cominhos e sal.
Tapei e deixei cozinhar durante uns 30 minutos em lume forte. Passado este tempo retirei as costeletas, desfiz o molho com a varinha mágica e fiz uma salada para acompanhar.

Na salada pus rebentos de soja, cenoura ralada, alface migada, milho doce, tomate e pimento, temperei com limão, azeite e sal.
Bom apetite.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Arroz de Pato


Cada vez que falo com alguém sobre este prato surge uma receita diferente, acho que é daquelas coisas que passam de geração em geração e cada família faz à sua maneira.
A minha é assim:
Parto o pato ao meio e barro-o com um limão, ponho-o na panela juntamente com um chouriço de carne de preferência de porco preto que cá em casa nos somos muito gulosos. Acrescento uma pitada de sal (cuidado que o chouriço já tem, não exagere) e ponho a cozer.
Depois de cozido desfio o pato e pico o chouriço, não necessariamente muito picado, só assim aos quadradinhos, junto os dois e misturo-os bem
Na panela continua a água onde cozeu o pato, com uma concha tiro o excesso de gordura (acreditem é imensa) e quando me parece bem, volta ao lume para ferver e ponho o arroz a cozer nessa água.
Num recipiente de ir ao forno ponho uma camada de arroz, uma camada de pato e mais uma de arroz, decoro normalmente com fatias fininhas de bacon ou com chouriço às rodelas.
À parte bato dois ovos e ponho por cima do arroz (dispensável mas eu gosto de o ver com icterícia).
Levo ao lume até estar tostadinho
Sirvo com uma boa salada verde a azeitonas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sopa de Aipo


Enchi a panela de água até tapar os vegetais, acrescentei sal e azeite Descasquei 3 batatas médias, 3 cenouras, 1 chuchu, 1 cebola, 1 nabo e uma curgete pequena, cortei tudo em cubos e pus na panela de pressão.
Cortei o aipo em bocadinhos para ai do tamanho de uma unha ( das pequenas, lol), pus no cesto dos verdes e coloquei-o por cima dos legumes.
. Fechei a panela pus ao lume e fui à minha vida.
O pipo rodou durante 15 minutos. Apaguei o fogão.
Retirei o cesto dos vegetais onde estava o aipo e reservei, desfiz com a varinha mágica os legumes que ainda estavam na panela. Misturei tudo e comi.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Massa de Arroz Primavera


Diz que é de Primavera, diz que é!
A mim sabe-me sempre bem e é uma variação às comidas mais pesadotas de inverno.
Pico 1 cebola, corto uma fatia grossa (1cm) de fiambre de peru em pequenos cubinhos, 1 alho francês às tiras largas, ananás em pedaços e ralo 1 cenoura.
Num tacho coloco uma cebola com 2 colheres de azeite e deixo refogar ligeiramente, junto os vegetais e acrescento bambu e cogumelos. Mexo bem e deixo estar em lume brando durante uns 5 minutos, é mais ou menos só o tempo de aquecer. Tempero com sal e junto o fiambre, deixo durante mais 2 minutos e desligo o fogão.
À parte a massa segundo as indicações do pacote (fervo a água, retiro do lume, coloco a massa, deixo ficar 4 minutos, mexo bem com um garfo e escorro).
Saudável e saboroso!

domingo, 22 de novembro de 2009

Fígado de cebolada



Temperei o fígado cortado às iscas umas horas antes de cozinhar com alho, sal, 1 folha de louro e vinho branco.
Pus azeite num tacho, não muito assim mal a cobrir o fundo, deixei aquecer, juntei-lhe o fígado com a marinada, 1 pitada de cominhos em pó e 2 cebolas cortadas às rodelas, acrescentei um pouquinho de vinho branco, tapei e deixei cozinhar, as cebolas começam a suar e largam os seus sucos para o molho, mas convém ter atenção para não deixar secar a carne, se lhe parecer, basta acrescentar um pouquinho de vinho branco. Vá mexendo de vez em quando até a carne estar macia, ao chegar a este ponto destape o tacho, rectifique os temperos e deixe ferver até reduzir o molho.
Para acompanhar cozi massa fusili em água e sal, depois de escorrida acrescentei uma colherada generosa de margarina de soja e um punhado salsa picada.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cozido de grão


Venha o diabo e diga que este não é um prato de Inverno. Quando o tempo arrefece e a chuva não deixa pôr o nariz fora da toca, não há nada como um belo de um cozido de grão.
Eu faço-o com carne de borrego, mas pode optar por porco se quiser.
Numa panela com água a ferver temperada com sal e azeite ponho a carne de borrego e um chouriço ou um pedaço de bacon ou presunto, enfim o que lhe apetecer ou estiver à mão, quando a carne estiver a meio da cozedura acrescento os vegetais, batatas, cenouras e feijão verde, quase no fim abro uma lata de grão que escorro e acrescento também à panela, não só para aquecer mas também para ficar mais macio e com o sabor das carnes.
Depois é só escorrer o líquido, não precisa de mais temperos, partir o chouriço, servir numa travessa bonita e fazer cara de quem está muito cansada porque o jantar deu um trabalhão.


Truque: eu cozo sempre o chouriço inteiro e para não rebentar pico-o com um grafo antes de o pôr na panela.

Manha: pode aproveitar a água do cozido para fazer sopa, basta acrescentar-lhe algumas massinhas e um punhado de vegetais

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pescada no forno com beringela e grelos


Num pirex de ir ao forno pus as postas de pescada.
Num tacho pus azeite, cebola às rodelas, alho picado, sal e uma pitada de pimenta, deixei refogar ligeiramente, acrescentei 2 tomates bem madurinhos cortados aos cubos e salsa picada deixei ferver durante uns 3 minutos e depois verti este preparado por cima das postas de pescada. Forno a 200 graus, à volta de 45 minutos.
Já que tinha o forno ligado e tinha uma beringela em casa aproveitei para a grelhar e assim complementar a minha pescada.
Cortei a beringela às rodelas e dispu-las num tabuleiro viradas para cima e separadas, temperei cada uma delas com uma pitada de sal, orégãos e por fim reguei-as com um fiozinho de azeite. Levei ao forno e fui espreitando, quando estavam assim a meio gás pareceu-me que estavam a ficar secas, tirei-as e voltei a regar com um fio de azeite. Ao fim de 20 minutos estavam prontas.
Cozi grelos em água e sal que depois acompanharam a pescada e as beringelas.

Conselho de caricácá - as beringelas cozinhadas assim ficam muito macias e saborosas, mas se as deixar arrefecer parecem pastilha elástica e não valem nada

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cotos de Peru


Não costumo comprar cotos, mas desta vez estavam em promoção, eram frescos, luzidios e em tempo de crise não se limpam armas, comprei 2, pesavam quase 2 kilos e no total não cheguei a pagar 4 euros, fiz bem, pensei.
Cheguei a casa, olhei para os cotos, e agora o que é que eu vou fazer com isto? Será que fiz bem????
Decidi fazer assim uma receita meia inventada a ver no que dava.
Comecei por cozer os cotos na panela de pressão durante 30 minutos depois do pipo rodar, quando os tirei estavam tenros e suculentos, o pior que se pode fazer à carne de peru é cozinha-la de mais, tem tendência para secar, e agora? Bola para a frente que atrás vem gente.
Num almofariz pus 6 dentes de alho generosos, sal, ervas da provence, uma pitada de piri-piri e esmaguei aquilo tudo. Barrei a carne, não sem antes lhe ter dado uns cortes fundos onde pus também parte da mistela, ia acrescentar umas nozes de manteiga mas vi um limão grande na fruteira. oh sorte que estas do meu lado! Cortei-o ás rodelas e depois as meias luas, fui pondo nos cortes que já tinha feito.
Deixei ficar assim a carne durante umas 3 horas. Depois foi só ligar o forno e deixar alourar, atenção, eu disse alourar, ter um ar tostadinho mas mais nada ok? Se não seca!
Acompanhei com batatas fritas e salada de tomate.
Quando pus o prato na mesa estava renitente, será que tá bom? será que fiz bem? Mas bastou-me ver a Ana a devorar a carne para perceber que sim.
Uma invenção a repetir.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

frango com whisky


Esta receita foi-me enviada por email, não resisti...
vale a pena experimentar


Ingredientes:

- 1 garrafa de whisky (do bom, claro!) Cardhu, Monkeys 20 anos, James Martin 30 anos,.Chivas, etc...
- 1 frango de aproximadamente 2 quilos
- sal, pimenta e ervas de cheiro a gosto
- 150 ml de azeite Virgem
- nozes partidas qb

Modo de preparar:

- pegue no frango
- beba um copo de whisky
- envolva o frango com sal, pimenta e as ervas
- barre com azeite.
- beba outro copo de whisky
- Pré - aqueça o forno por aproximadamente 10 minutos.
- Sirva-se de uma boa dose (caprichada) de whisky enquanto aguarda.
- Use as nozes moídas como aperitivo
- Coloque o frango numa assadeira grande.
- Sirva-se de mais duas doses de whisky.
- Axustar o terbostato na marca 3 , e debois de uns vinch binutos,botar para assassinar. - digu: assar a ave.
- Derrubar uma dose de whisky debois de beia hora, formar a baertura egontrolar a assadura do frango.
- Tentar zentar na gadeira, servir-se de uoooooooootra dose sarada de whisky.
- Cozer(?), costurar(?), cozinhar, sei lá, voda-se o vrango.
- Deixáááá o filho da buta do pato no vorno por umas 4 horas.
- Tentar retirar o vrango do vorno. Num vai guemar a mão, garaio!
- Mandar mais uma boa dose de whisky pra dentro . De você,é claro.
- Tentar novamente tirar o sacana do vrango do vorno, porque na primeira teenndadiiiva dããão deeeeuuuuuu.
- Begar o vrango que gaiu no jão e enjugar o filho da buta com o bano de jão e cologá-lo numa pandeja ou qualquer outra borra, bois avinal você nem gosssssssssta muito dessa bosta mesmo.
- Tá Bronto...

domingo, 15 de novembro de 2009

Pudim de atum




Hoje vamos fazer experiências, imagine a cara da malta quando ao jantar lhe apresenta um pratinho de arroz e uma lata de atum. Já tá?
Agora imagine a cara da mesma malta quando lhe põe na mesa um prato com o arroz da foto acima. Já tá?
Que lhe parece? Pois lá está...
A verdade é que isto não passa de arroz com atum, mas maquilhado, por assim dizer.
Faço um arroz de grelos, de cenoura ou de ervilhas( cebola picadinha, azeite, sal, refogo ligeiramente acrescento água, deixo ferver, ponho os grelos, deixo cozer acrescento o arroz, deixo cozer, fim), abro 3 latas de atum, cozo uns ovos, pico uns picles.
Barro uma forma de bolo com margarina, ponho metade do arroz, o atum desfiado e o resto do arroz por cima.
Desenformo, decoro com os ovos cozidos e azeitonas, barro o topo com maionese ( na minha parte não ponho) e por fim espalho os picles picados por cima.
E esta heim!

sábado, 14 de novembro de 2009

Pezinhos de coentrada



Pezinhos é como quem diz porque quem já cozinhou tal coisa sabe que é cá com cada pata, mas prontes! É uma maneira mais delicada de chamar a coisa.
Este não é nem de longe nem de perto um dos meus pratos favoritos, mas o Paulo adora e como é tradicional e tal também tem honras de blog.
Desde tempos imemoriais que a carne de porco é a mais consumida nesta zona e no tempo das vacas magras era uma festa quando se tinha carne à mesa daí a confecção de pratos que por vezes nos parecem estranhos mas que na altura eram a melhor maneira de aproveitar tudo que o animal tinha para dar, até o sangue se aproveita, come-se cozido de azeite e vinagre ou então nas afamadas sopas de cachola.
Os pés não eram excepção, que fazer a tal coisa tão pouco nobre e sensaborona? Juntar-lhes ervas pois claro, ou não estivéssemos nós no Alentejo.
Faço assim:
Peço ao talhante que os parta ao meio. Cozo-os durante mais ou menos uma hora na panela de pressão só com sal, deixo arrefecer e tiro-lhes os ossos, mas não todos, deixo ficar os que têm unha.
Num almofariz esmago 1 alho por cada pé, isto é se tenho 4 pés ponho 4 alhos e por aí, com um pouquinho de sal e alguns coentros.
Ponho um tacho ao lume com 4/5 colheres de sopa de azeite e deixo aquecer, junto a mistura dos alhos e coentros e deixo fritar muito ligeiramente, acrescento 2 colheres de sopa de farinha, mexo bem e vou acrescentando água quente, ( a receita original usa a água onde cozeram os pezinhos, mas eu acho que isto já é gordura a mais) até dar ao molho a consistência que quero, aqui já depende dos gostos, mais ou menos espesso, se quiser mais vá acrescentando farinha, se menos acrescenta-se água. Quando o molho ferve ponho mais uma boa mão cheia de coentros picados, rectifico o sal, junto a carne e deixo apurar.
Para acompanhar cozi batatinhas com a pele que depois descasquei e fritei ligeiramente.
Gostou da ideia? Ainda bem, eu vou só ali abrir uma latinha de atum.

Caril de frango


Num tacho ponho 4 colheres de sopa de azeite, uma cebola picada, um alho picado e uma folha de louro. Quando a cebola começa a ficar transparente junto o frango partido aos pedaços e deixo tostar de todos os lados, atenção é só para dar cor não exagerem no tempo de "tostagem". Assim que o frango estiver tostadinho, retire o tacho do lume e acrescente sal a gosto, pimenta, uma colher de café de piripiri( pode ser em pó ou líquido) e 3 colheres de sopa de caril, misture bem para que todos os pedaços de frango absorvam as especiarias. Volte a por o tacho ao lume, acrescente água quente até metade da altura, tape e deixe estufar. A água vai reduzir até criar um molho castanho, está na hora de acrescentar o leite de côco (compro em lata) e de rectificar os temperos, eu como gosto do carril carregado ponho mais 3 colheres de sopa de caril, mas isso já depende de cada um.
Deixe ferver destapado de maneira a reduzir e a criar um molho cremoso.

Servi com arroz basmati com passas e fatias fininhas de maçã.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sopa de Ervilhas com Presunto



Esta é uma das minhas sopas preferidas, é saborosa, fácil, rápida e uma maneira de fazer sopa se não tiver legumes frescos em casa ou se não lhe apetecer arranja-los, obviamente com ervilhas frescas fica melhor, mas qualquer saquito de ervilhas congeladas serve, poramordedeus não usem de lata, são horríveis...
Descasco 2 ou 3 batatas pequenas, 1 cebola, 1 curgete, 1 chuchu, junto as ervilhas, uma fatia generosa de presunto, azeite e sal (pouco que o presunto já tem) cubro com água e deixo cozer.
Depois de cozido, retiro o presunto e desfaço os legumes com a varinha mágica.
Na hora de servir acrescento pedaços do presunto desfiado e curtons

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Salema com Limão


Se a Salema fosse gente andava num psicólogo, é ostracizada de tal forma que é desconhecida da grande maioria. Chamam-lhe feia, venenosa, desenxabida, vendem-na barata e quase ás escondidas não vá importunar os outros peixes de classes supostamente superiores, muitas vezes nem se dignam a pesca-la, tal é o desdém com que a tratam.

É raro encontra-la à venda, esta comprei-a no Inter.
É verdade que numa determinada altura do ano este peixe é tóxico devido a um tipo de algas das quais se alimenta, nessa altura não se pescam, e sejamos sinceros acham que os hipermercados corriam o risco de vender peixe venenoso? Se está lá é porque se pode comer, não acham?
Muitos desculpam-se que a salema tem sabor a lama, até pode ser, mas eu resolvo isso com o facto tão simples de lhe tirar aquela pele preta que se encontra no interior da barriga, acreditem não dá trabalho nenhum, não custa nada e NUNCA as minhas salemas me souberam a lama.

Umas 2 horas antes de cozinhar, retiro-lhe a pele preta da barriga e barro-a com sal. Passado esse tempo lavo bem com água corrente para retirar o excesso de sal e ponho-a num pirex de ir ao forno.
Num almofariz esmago 2 dentes de alho pequenos com um bom molho de poejos, barro toda a salema com esta mistura, ponho rodelas de limão dentro da barriga e também sobre o peixe, rego com um fiozinho de azeite. Asso durante 1 hora com o forno a 200 graus.
Acompanhei com salada de tomate, mas também fica óptimo com batatinhas assadas ou legumes cozidos.

domingo, 8 de novembro de 2009

Tortulhada


O meu pai era caçador, dos bons. O meu pai não tinha cães. Gostava de caçar sozinho, ser ele a seguir um rasto, esperar pacientemente ao pé de uma toca, descobrir uma lura. Lembro-me da ansiedade que sentia sempre que o sabia na caça, de contar os minutos até à sua chegada, nesses dias televisão e brinquedos aborreciam, a vontade de o ver chegar com a boina de lado, cigarro na boca, a arma ao ombro e na cintura a cartucheira onde pendurava os frutos da sua aventura nesse dia.
Assim que ouvia o carro corria para a porta, abraçava-o, copiava todos os seus passos e não o largava enquanto não me dizia tudo o que tinha feito e visto nesse dia, mais importante do que os animais que trazia eram as histórias que me contava, as crias que tinha visto, os caminhos que tinha percorrido, onde tinha comido a "bucha", que muros saltara e finalmente contava-me como tinha morto o que trazia e me explicava que matar assim parecia cruel, mas que era a lei da vida desde que o "bicho homem" se ergueu em 2 pernas, temos que comer, dizia, e não podemos ser cobardes ao ponto de pensar que só aos outros cabem os trabalhos sujos.
Desta forma ensinou-me a respeitar tudo o que ponho na boca, falava-me de tempos idos, para mim tão difíceis de entender, em que neste Alentejo muitas vezes padrasto os homens tinham que deitar mão ao que a pobre terra dá para poderem sobreviver.
Adorava os dias de caça e todas as histórias que eles me proporcionavam, ainda me lembro da raiva que sentia quando na escola tinha que escrever redacções contra os caçadores.
Perante este quadro podem imaginar como me senti quando um dia, meio a rir, meio a brincar o meu pai me perguntou se queria ir à caça com ele.
Pulei, gritei e beijei toda a gente perante o ar de pânico da minha mãe e o ar aparvalhado do meu irmão, devia ter ai uns 10 anos, não tenho a certeza do ano, mas nunca me esquecerei do dia, 1 de Novembro.
O prometido lá teve que ser devido e eu fui à caça, o combinado é que eu era o cão, ou seja o meu pai matava e eu ia buscar. Bem, foi como se me tivessem levado a um qualquer parque temático ( luxos que não existiam nessa altura), quem vive nas cidades tem a ideia que a malta que vive no interior nasce no meio do mato, logo tem um conhecimento intrínseco de tudo o que no campo se passa, como se enganam, pela primeira vez respirei aquele friozinho das manhãs de Novembro, pisei lama, mas lama a sério, ouvi sons que nunca tinha ouvido, comi pão e chouriço com as mãos sujas e admirem-se, até bebi água num regato...
A caça nesse dia não deu frutos, já se esperava dizia o meu pai a rir-se, com uma tagarela barulhenta por companhia afugentava tudo num raio de pelo menos 5 Km.
Mudamos então de rumo, de caçadores passámos a recolectores e fomos apanhar tortulhos.
Nesse e em muitos outros dias que se seguiram aprendi a diferenciar os bons dos maus e mais tarde aprendi também a apanhar túbaras, mas isso é história para outro dia.
Hei-de associar sempre os tortulhos ao meu pai. Também foi ele que me ensinou a cozinha-los alguns anos depois.
Há que tempos que não os comia, apesar de os saber apanhar, não faço a mínima ideia onde procura-los e pelo menos cá na terra quem os apanha é quem os come, não se comercializam. Com o tempo fui-me esquecendo do sabor deste petisco e até da sua existência.
No passado dia 1 de Novembro, ofereceram-me um saco com tortulhos, os meus olhos brilharam, não conseguia parar de sorrir, do alto dos meus 38 anos parecia uma criança numa loja de doces, ganhei o dia nesse saco de tortulhos.
Obrigada Francisca!

A receita é muito simples:

Fiz um refogado leve com azeite, cebola e alho picados aos quais acrescentei cubinhos de chouriço, estes são dispensáveis, mas apeteceu-me. Juntei os tortulhos cortados ás tiras, estes eram grandes, os pequenos ponho-os inteiros e uma folha de louro.
Como todas os fungos desta família os tortulhos são compostos essencialmente por água, logo não é preciso acrescentar, assim que começam a aquecer começam a largar liquido, deixei-os estar assim na sauna durante uns 3 a 5 minutos, temperei com sal e acrescentei uma mão cheia de miolo de pão desfeito em migalhas, incorporei bem e juntei os ovos previamente mexidos, fui mexendo bem até os ovos cozerem. Retirei do lume e polvilhei com salsa.
Não me soube a pato, soube-me a caviar!

sábado, 7 de novembro de 2009

Chispe com feijão branco


Mais uma comida de sustança, mais um prato de Inverno, o chispe não é muito saudável e todos sabemos o que as leguminosas nos fazem ao cólon, ainda assim, de vez em quando não é de crucificar ninguém.

Começo por cozer o chispe e um chouriço na panela de pressão, antes pico o chouriço com um grafo para não rebentar, desta vez esqueci-me de o comprar, logo esta chispalhada ficou mais pobrezinha, mas estava boa na mesma.
Depois de cozidos corto o chouriço às rodelas, retiro as carnes dos ossos e corto em pedaços.
Na mesma panela onde cozi as carnes, não é por nada, só mesmo por uma questão de poupança na lavagem da loiça, ou melhor, para me poupar a mim porque sou eu que a lavo. Mas se for purista ou masoquista pode sempre usar outra panela ou tacho qualquer, dizia eu , na mesma panela ponho uma cebola picada e um pouco de azeite, deixo refogar, junto-lhe umas 5 colheres de sopa de polpa de tomate ou se tiver 2 tomates bem madurinhos picados e 6 ou 7 pés de hortelã, deixo ferver ligeiramente, junto a carne e 2 ou 3 frascos de feijão branco já cozido com o molho e tudo. Acrescento mais um pouco de água, rectifico o sal e deixo ferver durante uns 15 a 20 minutos para misturar os sabores e engrossar o molho.
Pode acompanhar com couve coração de boi cozida na água onde cozeram as carnes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Picanha grelhada


O que é chato na picanha é que, pelo menos aqui por trás do sol posto, temos que comprar uma peça inteira, não dá para comprar 1 kg agora e o resto mais tarde, compramos a peça e pronto.
Já que assim é, e para castigo, eu chateio sempre o tipo do talho para a partir, ora toma!
Quando chego a casa divido a carne para várias refeições e congelo.

Num almofariz esmago alho com um pouco de sal e tempero as fatias de picanha com esta mistura pelo menos 2 horas antes de as grelhar.
O truque é deixar aquecer bem a grelha para que a picanha receba um "choque" de calor, assim fica tostadinha por fora e mal passada, mas não crua, por dentro, a meu ver é assim que ela é mais saborosa, tente virar a carne só uma vez e ao fazê-lo não a pique, vire-a com pinças para que não perca os sucos.

Para acompanhar faço um arroz branco simples, e abro uma lata de feijão preto já cozido que me limito a aquecer.
Mais fácil é impossível!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Coração de cebolada


Boas noticias mulherada, a carne de coração é saborosa, macia e ainda por cima tem baixíssimas percentagens de gordura. Eu sei! São vísceras, mas e o fígado, não é também e nós não o comemos? E o tão adorado sarapatel é feito de quê?
Agora deixem-se de frescuras e tá a cozinhar esta carne que é boa, barata e não engorda.

Corte a carne em fatias finas e umas horas antes faça uma marinada com alhos picados, sal, pimenta, uma folha de louro e vinho branco.

Para começar descasque uma cebola de bom tamanho e corte-a às rodelas, coloque-a num tacho com um pouco de azeite e deixe refogar ligeiramente, já esta? Ok agora ponha 3 a 4 colheres de polpa de tomate e junte a carne com a marinada e tudo. Tape. Ponha o fogão em lume brando e deixe cozinhar até o coração estar tenro, mais ou menos 1 hora. Se vir que o molho está a secar pode acrescentar uns golinhos de vinho branco.
Servi com puré de batata e azeitonas de Elvas.