quarta-feira, 29 de julho de 2009

No inicio era o caos...


Segundo me contam e do que eu me lembro a minha mãe era uma cozinheira de mão cheia. Morreu tinha eu 16 anos e embora já ajudasse na cozinha, não sabia fazer nada que se pudesse mastigar.
Foi o meu pai, com a sua enorme paciência e pouco jeito para estas coisas dos comeres (exceptuando alguns petiscos) que me iniciou no que hoje considero uma arte (não sendo eu a artista), ainda me lembro do seu desespero quando um dia decidi que queria fazer sopa de feijão e como não percebia nada do que estava a fazer, mas ao mesmo tempo sem querer dar parte de fraca, pus os feijões de molho de véspera e no dia seguinte peguei na panela de pressão com água onde coloquei os ditos feijões e lume com eles.
Passou uma hora, duas, e eu na dúvida, será que já está cozido? Mas como era na panela de pressão tinha medo de a abrir e estragar o cozinhado… a panela só foi aberta quando se começou a sentir um intenso cheiro a esturro e já não saía qualquer tipo de vapor… O meu pai muito desolado olhando para o interior da panela com o seu conteúdo mais que carbonizado soltou um: “Tamos lixados”.
Aquilo fez-me espécie. A Panela foi para o lixo e eu percebi que tinha mesmo que calcorrear sinuosos caminhos até aprender a fazer algo que se pudesse comer sem risco de intoxicação.
Fui perguntando, consultando, lendo e experimentando, sempre com o pensamento que “Quem sai aos seus não é de Genebra” eu que não sei muito bem de onde sou, mas que de certeza sou filha da minha mãe, coisa dita e vista não só pelas semelhanças físicas como pelo feitiozinho jeitoso que dela herdei, jurei a mim mesma que havia de cozinhar como ela (oh! inocência da juventude), evidentemente nunca o consegui.
Mas comecei a ver a comida como uma alquimia, juntar os ingredientes, transformar coisas intragáveis em deliciosos petiscos, lamber os dedos e pensar que foi magia…
Insistente e curiosa fui fazendo, fui comendo, fui apurando e hoje embora esteja a anos luz da comida da minha infância sei que posso convidar amigos para jantar e que vão sair de lá satisfeitos ( nem que seja só com as bebidas).
“Fazer o comer” tornou-se para mim, não só uma actividade do dia a dia, mas também um prazer. Prazer de provar e gostar do que faço, prazer de ver os que estão à minha volta satisfeitos, prazer de ouvir um “está mesmo bom”.
Alguns dos meus cozinhados são memórias do que via a minha mãe fazer, outros são ideias que me ficam de programas que vejo ou de restaurantes onde fui.
Continuo e experimentar, nem sempre com sucesso, e agora tenho um seguidor que me acompanha nestes caminhos já não tão sinuosos da comida, que embora inseguro lá vai dando os seus passos ao meu lado.
Gostava de poder partilhar os meus sabores e se alguém, algum dia, quem sabe a minha filha, fizer uma das minhas receitas já me dou por satisfeita. Daí a ideia deste blog.
Que lhe faça bom proveito.

3 comentários:

  1. E se em vez de ir eu fazendo as tuas receitas, fosses tu lá a casa fazê-las? ;)
    Arranjavas já aqui um negócio!!!... que me dizes? olha que enriquecias depressa!...
    Gosto dos teus sabores (e das bebidas, vá, confesso!) e vou-te seguir!
    Vamos ver se me consegues inspirar nos meus dias de falta de paciência para a culinária!

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  2. Olá minha linda
    Olha não te esqueças de falar nas "dicas" que aqui o colega te tem dado.
    Beijocas
    Parabens pelo blogue

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  3. Parabens pelo blogue,virei consultar e quem sabe recordar antigos sabores da nossa infançia!

    Pequena era como tu ,comer n gostava muito ,mas confesso que guardo um boa recordaçao da sopa de peixe do rio da tua mae e outros petiscos...
    hoje descobri que temos em comum o prazer de deliciar os nossos amigos e sabes a Emma com 11anos passa horas na cozinha a preparar iguarias com a gulosa da mae...
    Esperamos que a Clara que é esperada nos proximos dias,seja como a irma e os pais.
    Mil beijinhos e boa sorte para os dois

    Ana Pires

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